Aveia – um alimento a ter por perto!

A Avena sativa L, conhecida simplesmente como aveia, apresenta vários componentes nutricionais (macro e micronutrientes) e compostos fitoquímicos que, através inúmeros estudos realizados, têm comprovado uma ação benéfica na manutenção ou recuperação da saúde do indivíduo, sobretudo nas dislipidémias. O farelo de aveia, é fonte importante de minerais e proteína, além de apresentar na sua composição uma quantidade significativa (por volta de 10%) de fibra solúvel beta-glucana,  um polissacarídeo, com efeito hipocolesterolémico demonstrado.

cereal, healthy, breakfast-617686.jpg

As propriedades funcionais das beta-glucanas da aveia, evidenciadas fortemente nas últimas décadas, demonstraram diminuição nas concentrações plasmáticas do colesterol total (CT) e da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) após o consumo de alimentos contendo esta fibra solúvel. Os efeitos metabólicos exercidos pelas beta-glucanas da aveia são atribuídos a vários mecanismos, como o aumento da viscosidade na mucosa intestinal, devido à formação de um gel desta fibra, inibindo a absorção de colesterol. A redução da colesterolemia através da ingestão de beta-glucanas da aveia também é atribuída à inibição da síntese de colesterol endógeno. As beta-glucanas foram identificadas como sendo o componente da aveia que promovem maior fermentação intestinal e os produtos desta fermentação (ácidos gordos de cadeia curta) alteram o metabolismo do colesterol.

O aumento da viscosidade produzido pelas beta-glucanas pode retardar o esvaziamento gástrico, aumentando a sensação de saciedade, o que contribui para o controlo de peso e redução da glicémia pós-prandial, evitando picos de insulinémia.

Pesquisas recentes têm referido a hipótese de que o consumo regular de aveia, não só promove benefícios hipocolesterolémicos decorrentes da ação de seu conteúdo de beta-glucanas, como fornece outros componentes que, talvez, exerçam papel fundamental na prevenção da formação da placa de ateroma (prevenção da aterosclerose). Dos vários compostos bioativos (CBA) presentes na aveia,  polifenois presentes exclusivamente neste cereal, têm demonstrado, in vitro, importante ação antioxidante e anti inflamatória.

Podemos também mencionar que a aveia é um cereal com baixo índice glicêmico. O que torna este cereal uma mais-valia para quem tem diabetes ou quer emagrecer, pois ajuda a regular os níveis da glicémia. Os betaglucanos pode também melhorar a sensibilidade insulínica.

Por 100g, tem cerca 13,5g de Proteína, 61,7 g de Hidratos de Carbono, 6,7 g de fibra, 2,4 ug de niacina, 122 mg de Magnésio, 353 mg de Potássio, 220 mg de fósforo e contém ainda pequenas quantidades de ferro, zinco e cálcio.

Podemos então afirmar que a aveia é um alimento estratégico, que deve fazer parte da nossa alimentação, e que pode contribuir quer para a prevenção, quer para o tratamento das doenças cardiovasculares (DCV).

Pode colocar 1 a 2 colheres de sopa de aveia no iogurte, fazer papa de aveia ou panquecas com aveia!

Referências bibliográficas
– BUTT, M. S.; TAHIR-NADEEM, M. et al.. Oat: unique among the cereals. European Journal of Nutrition, v. 47, n. 2, p. 68-79, 2008.
– Chen, J.; Raymond, K. β-glucans in the treatment of diabetes and associated cardiovascular risks. Vascular Health and Risk Management, v. 4, n. 6, p. 1265–1272, 2008.
– FARDET, A. New hypotheses for the health-protective mechanisms of whole-grain cereals: what is beyond fibre? Nutrition Research Reviews, v. 23, n. 1, p. 65–134, 2010.
– GAO, Z.; YIN, J.; ZHANG, et al. Butyrate improves insulin sensitivity and increases energy expenditure in mice. Diabetes, v. 58, n. 7, p. 1509–1517, 2009.
– GUO, W.; WISE, M. L.; COLLINS.  Avenanthramides, polyphenols from oats, inhibit IL-1β-induced NF-κB activation in endothelial cells. Free Radical Biology & Medicine, v. 44, n. 3, p. 415–429, 2008.
– INGLETT, G. E.; CHEN, D.  Antioxidant and Pasting Properties of Oat β-Glucan Hydrocolloids. Food and Nutrition Sciences, v. 3, p. 827-835, 2012.
– KATO, S.; SATO, K.; CHIDA, H. et al. Effects of Na-butyrate supplementation in milk formula on plasma concentrations of GH and insulin, and on rumen papilla development in calves. The Journal of Endocrinology, v. 211, n. 3, p. 241–248, 2011.
– LEE-MANION, A. M.; PRICE, R. K.;et al. In vitro antioxidant activity and antigenotoxic effects of avenanthramides and related compounds. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 57, n. 22, p. 10619-10624, 2009.
– LIU, R. H. Whole grain phytochemicals and health. Journal of Cereal Science, v. 46, n. 3, p. 207-219, 2007.
– MAKI, K. C.; Shinnick, F.; Seeley, M. A.; Veith, P. E.; Quinn, L. C.; Hallissey, P. J.; Temer, A.; Davidson, M. H. Food products containing free tall oil-based phytosterols and oat β-glucan lower serum total and LDL cholesterol in hypercholesterolemic adults. The Journal of Nutrition, n. 133, n. 3, p. 808–813, 2003.
– Meydani, M. Potential health benefits of avenanthramides of oats. Nutrition Reviews, v. 67, n. 12, p. 731-735, 2009.
– QUEENAN, K. M.; Stewart, M. L.; Smith, K. N.; Thomas, W. R.; Fulcher, G.; Slavin, J. L. Concentrated oat β-glucan, a fermentable fiber, lowers serum cholesterol in hypercholesterolemic adults in a randomized  controlled trial. Nutrition Journal, v. 6, n. 6, p. 1-8, 2007.
– RYAN, D.; Kendall, M.; Robards, K. Bioactivity of oats as it relates to cardiovascular disease. Nutrition Research Reviews, n. 20, n. 2, p. 147-162, 2007.
– RYAN, L.; THONDRE, P. S.; HENRY, C. J. K. Oat-based breakfast cereals are a rich source of polyphenols and high in antioxidant potential. Journal of Food Composition and Analysis, v. 24, n. 7, p. 929–934, 2011.